sexta-feira, 22 de abril de 2011

Democracia?

De olho no planeta...



Salve Mafalda

Cotidiano

Num dia de semana, logo cedo, no caminho para o trabalho, encontro um senhor em desespero. Quando saía para comprar o açaí, o qual vende para sustentar sua família, foi abordado por dois JOVENS que  levaram o dinheiro que seria usado para a compra do meio de sua sobrevivência. Não há como imaginar o que esse pai de família sentiu no momento do assalto. A raiva e a tristeza devem tê-lo invadido ao mesmo tempo. O que diria a seus filhos e esposa? Com certeza a fome que os acometeria não compreenderia nenhuma explicação.

Fome, não apenas de arroz e feijão, mas também a fome de justiça, de segurança, de paz, de um presente e um futuro melhor para sua família e para todos, inclusive para os jovens, que aprenderam desde cedo a roubar, não só por opção, mas também por “necessidade”. TODOS FRUTOS DE UMA SOCIEDADE DESESTRUTURADA.

Todos nós temos fome de uma solução para tamanha desordem que vive o país. Fome esta que acomete a todos os brasileiros. Os que já foram e os que não querem ser vitimas das mazelas da sociedade que avançam cada vez mais.

O sistema que gera a “evolução” é o mesmo que gera  todas as diferenças sociais e violência. São cada vez mais horríveis as formas de violência sofrida pelas pessoas. A cultura transforma o ser humano, a cada dia, num monstro.

É mais triste ainda ver toda essa violência sendo usada pela mídia para aumentar a audiência. Que mundo é esse que transforma tudo em dinheiro? O sistema reduziu o homem à coisa. A nada.

É o que os órgãos responsáveis pela segurança dizem? Tome cuidado; não saia de bolsa que chame atenção; não use muitas jóias; Foi assaltado? Também tava mostrando o celular. (dá vontade de mandar p longe) Ora, se comprei é porque quero usar. Agora sou obrigada a esconder o celular no sutiã ou na calcinha e os homens na cueca para que o assaltante não me coloque nas estatísticas. Por que eu tenho que me adaptar á violência?

Cadê o livre arbítrio do homem? Cadê a minha liberdade? Cadê o meu direito de ir e vir? Tudo isso tá sendo tirado da forma mais cruel possível. Enquanto me adapto à regras de uma sociedade violenta  os culpados estão livre, enquanto nós estamos presos atrás das grades das janelas e das portas , além das várias fechaduras e sistemas de seguranças que precisamos para poder dormir em paz.

Lana Santos

Eleições

Olhe elas aí, as tais eleições, que, em um país  democrático, é obrigatória. Por onde anda a tal liberdade eleitoral que está no significado de democracia? Por que sou obrigada a escolher um político cuja vida é estranha a mim? A alta sociedade decide que alguns minutos de discurso são suficientes para os eleitores conhecerem o candidato que vai liderar o município, o estado ou o país ou criar leis e temos que aceitar e se virar com as migalhas que oferecem.

Muitas vezes o candidato está alheio aos problemas das pessoas e do local do qual “quer tomar conta”. Tenho curiosidades sobre o que realmente qualifica alguém a se candidatar. Que valores apresentam a pessoa que tenta me convencer de seus objetivos. E o que sabe ela dos problemas da minha cidade, do meu bairro e das escolas.

Caso alguém me perguntasse sugeriria que cada candidato seria obrigado a vivenciar os problemas do lugar. Por exemplo, o prefeito deveria passar um período em cada bairro da cidade que quer comandar. O candidato visitaria as escolas e conversaria com os moradores para que conhecesse os reais problemas e desenvolvesse programas para saná-los. E assim com cada candidato, o governador no estado todo e o presidente em cada estado e município. Claro que tudo isso no tempo hábil de alternância de poder. Mas nada de encarregar outras pessoas, só poderiam candidatar-se quem cumprisse com o cronograma de experiência.

Ou, faria um BIG BROTHER, onde cada candidato teria um programa para estudar de acordo com o cargo ao qual concorre-se e seria questionado em períodos de tempo sobre os problemas e as soluções. As pessoas poderiam mandar perguntas e votar para que assim o IBOPE pudesse fazer a pesquisa. Dessa forma conheceríamos bem melhor os candidatos, não é mesmo?

A dimensão social da aprendizagem

            “ Não se pode ser verdadeiramente humano sem viver em uma sociedade” , ao fazer essa afirmativa, GONZÀLEZ, F. e JESÙS, L. no livro Caderno de Antropologia da Educação vol.3, fomenta a importância do eu e do nós. O eu, que é o individuo, tem suas necessidades, as quais de certa forma, o força a buscar por coisas que possam preenchê-lo nos outros. Logo a importância do individualismo, porque o eu só vai procurar o outro quando pensar em si primeiro, e isso o leva a uma busca que  vai inseri-lo na sociedade, e essa vivência social  o torna  um ser original, completo, único.

         O individuo é inserido e humanizado na cultura através da educação, ou seja, aprende os valores, a colaborar, a ser sócio, e toda essa relação do eu com o nós acontece por meio do diálogo ou da dialética.

          Quando nascemos, somos inseridos nessa sociedade com regras e leis já pré- estabelecidas, onde somos impelidos a instaurar relações sociais, criar saberes, valores e modelos de comportamento para que assim possamos nos relacionar e viver nessa sociedade. Conforme afirma a seguir Durkheim:

Quando nascemos, diz Durkheim, encontramos todo um sistema de crenças, normas e valores já constituído ao qual devemos ser incorporados através da educação. Por isso, ele afirma que a sociedade exerce uma coerção sobre os indivíduos. A educação é uma das formas de exercício da dessa coerção, porque toda atividade pedagógica supõe um esforço de permitir aos indivíduos internalizarem algo já constituído. A língua, as leis, as normas da convivência coletiva precedem ao nascimento do individuo(p.53) 

        No entanto, o processo de humanização não tem se revelado como algo progressivo. Todo o conhecimento adquirido deveria ser assumido e melhorado de forma apropriada pelos novos sujeitos da ação, mas o desejo de dominação, o egoísmo e  a hipervalorização do  econômico estão sendo colocados sobre outras dimensões humanas, levando a uma direção que   aprofunda um modelo de conhecimento o qual   contribui para criar uma  sociedade cruel, excludente e violenta.

        Esse modelo de conhecimento que usa, que explora, que não respeita,  é o modelo do colonizador, que explorou  os índios, escravizou os africanos. Vamos pensar na revolução industrial que mudou radicalmente a vida dos camponeses e dos artesãos  tirando suas terras,  seu trabalho e, portanto, os obrigando a trabalhar em condições precárias e desumanas  nas fábricas.

         O trabalho deveria criar comunidade e a colaboração no esforço por construir uma sociedade solidária, entretanto a competitividade feroz e irracional da nossa sociedade corrói o desejo de compartir e ainda exclui quem não tem esse desejo de acumular.

        Nossa sociedade vive uma inversão de valores. A educação, que é adquirida na família, na escola e nas diversas relações de sociabilidade, mudou o foco. Não há o objetivo de  humanizar o homem e sim em materializar. A educação atual apresenta a finalidade exclusiva à transmissão de conhecimentos científicos, a especialização,a castração de talentos, à divisão de trabalho e a manter a divisão  de classes. 

        Além disso, os meios de comunicação estão à serviço do poder, bloqueando e contaminando as consciências e, com isso, incapacitando o homem para a reflexão social e desviando a atenção dos verdadeiros interesses pessoais. Tornam-nos cada vez mais materialista. Estão colocando o material acima do homem. As pessoas deixam de viver suas vidas para viver a dos personagens das novelas, esquecendo assim o quanto são exploradas pelo patrão, trabalhando demais sem ter tempo para cuidar dos filhos ou estudar e ganhando, para isso, o mínimo que um ser humano precisa para viver. Logo a maior função do meio de comunicação e incentivar o comodismo diante das diferenças sociais, diante da corrupção.

       Nossa sociedade é classista. Regras e leis  valem para poucos Está  cheia de privilégios para os fardados, para quem tem “status” e para os políticos. Não vamos esquecer do nepotismo que impede o concursando de ser convocado para o cargo ao qual foi aprovado.

        A escola, muitas vezes, serve de colaboradora para esse modelo de sociedade, quando exerce como função apenas os ensinamentos dos conhecimentos científicos e quando não se interessa em formar bons indivíduos.

        Estamos em um ponto de total falta de respeito humano, quando não é o professor que é agredido é o aluno. Não há respeito, ética, amor ou companheirismo entre as pessoas.

       Provavelmente, o período de 46 á 64 foi  época  em que a educação brasileira tenha sido fértil. Neste período  atuaram grandes educadores como Paulo Freire. Pensava-se em erradicar o analfabetismo, criaram varias universidades. Professores e alunos lutaram para uma boa educação. Mas depois de golpe militar de 64 os educando foram perseguidos, outros calados e outros exilados. Como afirma CHIAVENATO:

... Procurou-se evidenciar que a política do governo militar empenhou-se na destruição cultural das forças que poderiam resistir à barbárie. Ao se impor pela força, adotando um modelo conseqüente e coerente com a Doutrina de Segurança Nacional, a ditadura mostrou a sua verdadeira natureza em termos culturais. E cumpriu a ‘profecia’ do comandante da invasão da UnB, coronel Darci Lázaro: ‘Se essa história de cultura vai nos atrapalhar a endireitar o Brasil, vamos acabar com a cultura durante trinta anos’. (CHIAVENATO, 2004, p.149). 

       O regime militar espelhou na educação o caráter anti-democrático, professores e alunos foram presos, feridos em confrontos com a polícia, muitos foram mortos. A União Nacional dos Estudantes foi proibida de funcionar com o Decreto-Lei 477. A luta dos professores e estudantes foi chamada pelo Ministério da Justiça de baderna. E foi nesse período da ditadura, em 1971,  que a lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional foi reformulada. O  que mais marca essa leia é que ela deu a formação educacional um cunho profissionalizante, pois com esta lei planejava-se  que a educação contribuísse de forma decisiva para o aumento da produção brasileira. Até mesmo as disciplinas humanistas foram tiradas dos bancos escolares.

        A educação volta-se para a aquisição de competências especificas de acordo com a necessidade do mercado:

... Se pautou em termos educacionais pela repressão, privatização do ensino, exclusão de boa parcela dos setores mais pobres do ensino elementar de boa qualidade, institucionalização do ensino profissionalizante na rede pública regular sem qualquer arranjo prévio para tal feito, divulgação de uma pedagogia calcada em técnicas... e não raro confusa legislação educacional.... (HAIDAR & TANURI, 2002, p.59-60).

         Nas sociedades capitalistas, a instituição educativa, , centra-se em reproduzir a sociedade classista e em reafirmar os privilégios dos mais favorecidos. A escola está desvinculada dos movimentos sociais, dessa forma, ao esconder a exploração das classes menos favorecidas, a educação contribui para a manutenção da ordem estabelecida pelos detentores do poder.

        Para concluir essa afirmativa, Moacir Gadotti (2003) fala em, seu livro Educação e Poder, a cerca do poder da educação na sociedade:

Isso significa que, hoje, um dos maiores obstáculos à conscientização é a própria educação, o próprio sistema escolar, funcionando como aparelho ideológico de ocultação da consciência. Assim, para educar ( conscientizar) é preciso lutar contra a educação, contra a educação dominante que é a educação do colonizador. (GADOTTI, M, 2003, p.33) 

       A construção de uma sociedade autêntica, humana e a realização pessoal exige o combate ao egoísmo, a luta contra as estruturas sociais injustas. O desenvolvimento científico, tecnológico e econômico sem ética não garante o progresso, nem o desenvolvimento social.


Lana Santos

Conceito de preconceito

Segundo  CROCHIK, o individuo é fruto da cultura. Portanto, em seu processo de socialização, o indivíduo, desde que nasce e é inserido nas diversas agencias de sociabilidade, é impelido a incorporar estereótipos produzidos e fomentados pela  cultura cujo objetivo é  manter a divisão de trabalho.

         O preconceito, que não é inato e que tem como um de seus elementos o estereotipo, é uma ilusão que pode ser adquirida antes de qualquer experiência tida pelo individuo como mecanismo de defesa. Além disso, independe das características do objeto e diz mais respeito às necessidades do preconceituoso do que às características do objeto.

         Como produtos culturais, os estereótipos, são preconceitos que fazem parte da ideologia e que, por vezes fornecidos pela ciência, servem como justificativa para a dominação de determinadas classes sociais sobre outra, além disso, a que se dá sobre a própria natureza.

         Dessa forma, a ideologia encobre uma dominação desnecessária para a autoconservação da humanidade. Essa dominação, contrapõe-se a uma consciência crítica que denuncia a cisão entre a forma pela qual os homens se organizam e suas necessidades. Além disso, oculta e dissimula as divisões sociais e políticas, dá-lhes a aparência de indivisão e de diferenças naturais entre os seres humanos. Ou seja, a ciência auxilia no controle do individuo.

          A cultura, portanto, como não pode se perpetuar  sem a adesão dos indivíduos,  se impõe de diversas formas a ele. Para isso, trabalha na formação do supereu introjetando ,inconscientemente por meio de desejos e fantasias, valores e ideais paternos. Operando-se assim, uma transformação na forma de conduta individual levando o individuo a assumir, como seus, valores que são de outrem.

            Sendo assim, a ideologia nos dá a ilusão de estarmos pensando e agindo de forma racional e livre, de acordo com nosso entendimento e nossa liberdade, porque desconhecemos esse poder invisível que nos força a pensar e a agir de acordo com a cultura.

            A razão pode ser um poderoso instrumento de dissimulação da realidade e de produção de ilusões pelas quais uma parte do gênero humano se deixa oprimir pela outra.  

Outro termo que pode ser utilizado para nomear o estereotipo é o de preconceitos culturais. Fornecidos por vezes pela ciência, fazem parte da ideologia, cujo conceito, embora seja amplo e polêmico, para o nosso intento pode ser concebido como a justificativa para a dominação. Nessa definição, intencionalmente particularizada, inclui-se a dominação de determinadas classes sociais sobre outras, isto é, tal como pode ser derivada da teoria marxiana. Mas pretende-se ir além, abrangendo toda a dominação, incluindo a que se dá sobre a própria natureza. Desta forma, ideologia é para nós a tentativa de se justificar qualquer forma de dominação (CROCHIK, 1995, p. 22) 

           Conforme o autor, o preconceito, oriundo da esfera cultural expresso na ideologia, é a justificativa da dominação sobre o individuo em diversas figuras: a ciência, a religião, a filosofia, etc. que conforma o individuo à cultura.

           Diante disso, a ideologia, expressa nas diversas figuras, bloqueia nosso conhecimento porque apenas reproduz nossa realidade, mas dando a ela aspectos sedutores, cheios de sonhos que já parecem reais e que servem para o aperfeiçoamento do mundo existente e não para a sua alteração. É um imaginário de explicações que justificam o mundo do jeito que parece ser. Dessa forma,  a possibilidade de o homem influenciar o seu destino é negada. Com isso, ele deve se adaptar a sociedade existente.

           O preconceito, em geral, é avesso à subjetividade. Ele julga não só falar em seu nome, mas no de uma coletividade com a qual se confunde. Além disso, é incutido nos homens, os quais são impelidos e se impedem de pensar por si próprios, sustentando assim o despotismo.

           Apesar da divisão social das classes, somos levados a acreditar que todos são iguais porque participamos da ideia de “humano”,  de “pátria”, de “nação” ou de “raça” e de várias outras. O que caracteriza uns e outros são elementos culturais que não expressam a diversidade com universalidade, e sim uma hierarquia do fraco e do forte, do bem e do mal-adaptado, do pior e do melhor.

           A classificação que estamos acostumados a fazer com os objetos é extrapolada para as pessoas. Quando a cultura faz esse tipo de distinção, caracteriza as pessoas como coisas a serem manipuladas.

            Devido a reação primitiva, da cultura e do individuo, às ameaças reais ou imaginarias, a cultura, além de engendrar o preconceito no individuo, cria os seus próprios e os indivíduos os introjetam.

            Diante disso, a ciência não esta isenta dos mecanismos formais do preconceituoso já que é repetição, aprimorada como regularidade observada e conservada em estereótipos. Com seu triunfo, as manifestações humanas tornam ao mesmo tempo controláveis e compulsiva.

           A ideologia assegura a todos, modos de entender a realidade e de se comportar diante dela, eliminando dúvidas, ansiedades, angústias, admirações, ocultando as contradições da vida social, bem como as contradições entre esta e as idéias que supostamente a explicam e controlam.

           A razão pode ser um poderoso instrumento de dissimulação da realidade a serviço da exploração e da dominação dos homens sobre seus semelhantes. Dessa forma, a razão, nesse processo, esta presente não para avaliar, e sim para justificar aquilo que se incorporou não pela verdade que possa conter, mas pela necessidade de manter tais ideais e valores.

A classificação que estamos acostumados a fazer com os objetos é extrapolada para as pessoas e isso é possível quando são consideradas como coisas a serem manipuladas. O que pode ser desejável no domínio das coisas é reitificador no reino humano. Mas isso nos faz pensar que a ciências sociais e humanas, quando se valem dos mesmos métodos que as ciências da natureza, não se utilizam de um mecanismo distinto do preconceituoso; como o seu objeto é tratado de forma similar aos outros, esse deve ser adaptar ás grandes categorias para ele preparadas. Neste processo, não deixa de haver a predominância do olhar do sujeito sobre o seu objeto, da mesma forma que no preconceito. Essa afirmação, contudo, é menos uma critica a utilização de modelos experimentais próprios às ciências naturais, e mais uma constatação de que, se isso é feito, é também porque o homem se reduziu a um ser natural. Nem por isso, no entanto, a ciência deve  deixar de ser criticada. Ela própria não é necessariamente isenta dos mecanismos formais dos preconceitos: “ A ciência é repetição, aprimorada como regularidade observada e conservada em estereótipos... Com seu triunfo, as  manifestações humanas tornam-se ao mesmo tempo controláveis e compulsivas. Da assimilação à natureza resta apenas o enrijecimento compulsivo.” ( Horkheimer e Adorno, 1986, p. 169 Apud. CROCHIK, 1995, p. 24). 

          De acordo com  o autor, toda cultura que exija sacrifícios  individuais para a sua manutenção necessita da ideologia para se perpetuar. Dessa forma, a ideologia afirma que somos cidadãos  e, portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto,  isso não acontece de fato.

      A função da ideologia é impedir-nos de pensar nas injustiças sociais e tornar-nos reprodutor dos estereótipos. Com isso, a ideologia nos torna re-acionários.

     Neste sentido, a  proposta da educação que visa, de alguma forma, à constituição do individuo por meio da introjeção de valores ou ideais, sem que eles possam ser refletidos, é favorável à criação de um mecanismo psíquico que o mantém num estagio de menoridade social.

      Quando as ciências sociais e humanas se valem do mesmo método da ciência da natureza, não se distingue do mecanismo do preconceituoso. As ciências sociais ao tornarem natural o seu objeto perderam a sua verdade.

     Conforme o autor a verdadeira revolução capaz de extinguir o preconceito é a possibilidade da autonomia da razão, pois se assim não for, novos preconceitos justamente como os antigos, servirão de rédeas à grande massa destituída de pensamento.

        As diversas maneiras de explicar o mundo são dependentes das relações de produção e, além disso, adquirem a função social de encobrir a realidade tal como é e justificar aquela que existe como aparência.

     As explicações racionais e assim o uso da razão nos remetem para além da necessidade de autoconservação. Mas do que isso remete a razão para a realização da natureza humana, a priori, conflituosa.

      A razão, para o conhecimento, é um instrumental que permite investigar  o objeto, para se estruturar uma sociedade, a razão deveria ser um de seus pressupostos.  

    O homem se define pela relação entre cultura e natureza, desconhecer a natureza humana, nos seus conflitos entre desejos e proibições, é estar  negando a base do mal- estar na civilização e colaborar com a situação que estar o mundo.

Assim, o preconceito oriundo da esfera cultural, expresso na ideologia, é a justificativa da dominação da cultura sobre o individuo em suas diversas figuras: a religião, a filosofia, e se pudesse ser reduzido a uma frase, poderia se dizer que é um elemento que conforma o individuo à cultura, o que seria expressão de uma sociedade totalitária. Toda cultura que exija sacrifícios individuais para a sua manutenção, quando ela própria não se dirige para o bem-estar de seus indivíduos, e se estabeleça de forma independente dos interesses racionais de seus membros, encontra-se naquela definição, ou seja, necessita de ideologia para se perpetuar ( CROCHIK, 1995 p. 22)

Lana Santos

Bibliografia:
José Leon Crochik.: Preconceito,Indivíduo e Cultura. In_  O Conceito de Preconceito. 2006, p. 06- 28.